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O Ciberativismo do movimento Zapatista

⊆ 14:40 by Marvin Kennedy | . | ˜ 0 comentários »

O surgimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s) permitiu não só a integração convencional das pessoas, com ferramentas velozes e eficazes, mas também a articulação, movimentação e manifestação política, principalmente através da Internet e de sua ferramentas mais comuns, como e-mails e programas de mensagens instantâneas. Com isso, as atividades, feitas apenas pelos grupos políticos se expandem e esta atividade, agora feita de forma on-line, ganha o nome de Ciberativismo.

O Exército Zapatista de Libertação Nacional - EZLN é um ótimo exemplo de como as inovações tecnológicas remixam a cultura de quaisquer povos. Este grupo revolucionário da região montanhosa de Chiapas no México e que combate a exploração de seu povo pelos Estados Unidos, há cerca de 13 anos não dispara uma única bala. Sua arma: A mídia, principalmente a internet.

Os zapatistas, que têm como base a revolução liderada por Emiliano Zapata, estão reconfigurando a forma de fazer política. Mostram-se preocupados e midiatilizar as suas ações, mas num contexto diferente do terrorismo. Não usam aquela política de que sem mídia não há terrorismo. A ideologia deles está mais para reconfiguração sócio-cultural através da conexão e produção.

Outro ponto interessante é que a reconfiguração está acontecendo dentro do próprio movimento zapatista, que acabou por mudar o seu objetivo final, da defesa dos povos indígenas do México. Agora com a capacidade produtiva ampliada, o exército atinge a toda uma camada de pessoas descontentes com as políticas públicas do país centro-americano.

Decorrente disto, surgiram as Frentes Zapatistas de Libertação Nacional - FZLN, compostas por integrantes da sociedade civil. A Frente Zapatista e o Exército, juntos, publicaram a Sexta Declaração da Selva de Lacandona - um enorme documento, que dividido em três partes, resulta de consultas públicas aos integrantes da sociedade civil e das comunidades indígenas.

A revolução cibernética dos zapatistas mostra que é possível uma revolução pacífica obter resultados positivos. Sem armas, eles vão ganhando cada vez mais adeptos e voltando os olhos da mídia internacional para um lugar e causa que nunca tiveram muito destaque: o México e a batalha do povo indígena daquele país.

No livro Zapatistas - A Velocidade do Sonho, os autores, o escritor Márcio Brige, o jornalista Pedro Ortiz e o fotógrafo Rogério Ferrari, mostram a apropriação das novas tecnologias de comunicação pelos revolucionários e como isto vem reformulando a realidade sócio-política no México. "Zapatistas – a velocidade do sonho -(Thesaurus/EntreLivros, 2006, 230p.)".

Outro exemplo de grande amplitude política e que tem a internet com sua principal ferramenta de articulação e movimentação política é a Associação Revolucionária de Mulheres do Afeganistão (RAWA - Revolutionary Association of the Women of Afghanistan). A associação defende a liberdade, democracia e principalmente os direitos das mulheres. No site também estão disponíveis documentos, pesquisas e artigos sobre a violência contra as mulheres e são exibidos vídeos que retratam o comportamento de fundamentalistas islâmicos contra as mulheres.